terça-feira, 21 de julho de 2015



Vou contar-lhes uma história:
Há muitos e muitos anos atrás – na verdade, há tanto tempo, quase um ontem longínquo – a Terra estava em trevas e o homem tentava em vão buscar a luz. Alguns a haviam encontrado e decidiram mostrar aos outros seu reflexo e, por isso, foram ansiosamente procurados. Entre estes, estava um que havia estado na cidade da luz por algum tempo e conseguiu absorver um pouco do seu brilho. Imediatamente homens e mulheres, vindos do país da escuridão, foram procurá-lo. Andaram milhares de milhas por terem ouvido falar dessa luz; e quando ele soube que um grande grupo se dirigia para a sua casa, começou a trabalhar e preparou-se para dar-lhes o melhor que pudesse. Fincou estacas ao redor de sua casa e colocou luzes sobre elas para que os visitantes não se machucassem na escuridão. Ele e seus familiares proveram as suas necessidades e ele ensinou-lhes o melhor que sabia.
Entretanto, alguns visitantes começaram a murmurar. Esperavam encontrá-lo num pedestal radiante de luz celestial. Imaginavam-se venerando seu santuário; mas, em vez da luz espiritual que esperavam, apanharam-no no momento em que estendia fios com lâmpadas elétricas para iluminar o local. Nem mesmo usava um turbante ou um manto, porque a ordem à qual pertencia, tinha como uma de suas regras fundamentais que seus membros deveriam usar as vestes do país onde vivessem.
Então, os visitantes chegaram à conclusão de que haviam sido enganados, logrados, e que ele não tinha nenhuma luz. A seguir, eles o apedrejaram e também aos seus familiares; tê-lo-iam matado se não fosse por medo da lei que imperava nessa região e que requeria olho por olho, dente por dente. Voltaram, então, para o país das trevas, e sempre que viam uma alma dirigindo-se para a luz, levantavam os braços e aconselhavam: “Não vás para lá; essa não é a luz verdadeira, é como uma lanterna de bruxa que vai levar-te para o mau caminho. Sabemos que não há espiritualidade naquilo”. Muitos acreditaram neles e repetia-se nessa ocasião o que foi dito muito tempo antes, e que estava escrito num dos velhos livros: “É esta a condenação: que a luz tenha vindo ao mundo, mas que os homens tenham preferido as trevas à luz”.
Como era nesse ontem distante, assim é ainda hoje. Os homens correm de cá para lá procurando a luz. Muitas vezes, como Sir Launfal, viajam para os confins da Terra desperdiçando toda sua vida à procura de uma coisa que chamam “Espiritualidade”, mas só encontram desapontamentos atrás de desapontamentos. Sir Launfal passou toda sua vida em vã busca, longe do seu lar, e finalmente encontrou o Santo Graal exatamente às portas do seu próprio castelo. Portanto, qualquer um que honestamente esteja em busca da espiritualidade, com certeza deverá encontrá-la em seu próprio coração. O único perigo é que, como o grupo de viajantes mencionado, ele possa perdê-la por não saber reconhecê-la. Ninguém poderá reconhecer a verdadeira espiritualidade nos outros, enquanto não a tiver desenvolvido em si mesmo.

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