terça-feira, 14 de julho de 2015


Lilith não deve ser vista como uma ameça, antes, ela representa o desejo de se compreender a diferença entre os mitos da criação de Gênesis, já que em sua primeira história Genesis 1: 26 - 28, homem e mulher são criados iguais e conjuntamente, enquanto na segunda história, em Gênesis 2: 20 - 25, a mulher é criada depois do homem e a partir de seu corpo. Talvez daí, Lilith, tendo sido feita da mesma matéria prima de Adão, sentindo-se (e sendo) igual a ele, não admitia apenas ser dominada na hora da cópula, mas queria dividir com Adão a tarefa não apenas de nomear a criação, mas quiçá também quisesse zelar do jardim, dividindo igualmente com o homem todas as tarefas; tanto as dele, como as dela e é esta lógica que hoje muitas mulheres veem em Lilith. A luta não por independência, mas por igualdade.
Lilith, que segundo o mito rabínico, foi a primeira esposa de Adão; a mulher que não foi criada da costela, mas da mesma estrutura e junto ao homem; aquela que tinha liberdade com o próprio corpo, com sua sexualidade, e por causa disso, foi expulsa e demonizada, para que servisse de exemplo às suas descendentes, e ficasse subentendido que a mulher vem do homem, deve se submeter e dar prazer, e não receber. A primeira feminista, que brigou contra os dogmas, conhecia o próprio corpo e teve coragem de sair de sua zona de conforto em busca de sua liberdade e igualdade.
E é assim que temos que vê-la: o mito que anseia igualdade, a mulher que não se submete, mas também seria um demônio que atrai e afugenta os homens? É temida e desejada? Mas, a força masculina imposta por uma sociedade que provém de uma cultura historicamente patriarcal, sufocou o grito do mito Lilith e não apenas o sufocou, mas, o demonizou e deu-lhe o status de mãe de toda impureza e (homo) sexualidade tida pela sociedade (patriarcal) como sendo algo antinatural, impróprio, indesejado e que, portanto, devesse ser banida de nosso convívio, usando todo e qualquer meio necessário para banir do convívio da sociedade, este mal demoníaco que veio para assombrar não somente homens, mas também mulheres com seu desejo, volúpia e compulsão pelo prazer (seja ele sexual ou não).


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