sábado, 25 de abril de 2015


  SOBRE BAPHOMET - Eliphas Levi
Os ignorantes que desviaram o cristianismo primitivo do seu caminho, substituindo a fé à ciência, o sonho à experiência, o fantástico à realidade; os inquisidores que fizeram, durante tantos séculos, uma guerra de extermínio à magia, chegaram a cobrir de trevas as antigas descobertas do espírito humano; de modo que hoje andamos às apalpadelas para achar de novo a chave dos fenômenos da natureza.
Ora, todos os fenômenos naturais dependem de uma única e imutável lei, representada também pela
pedra filosofal, mas principalmente pela forma simbólica, que é o cubo.
Esta lei, expressa na Cabala pelo quaternário, tinha fornecido aos hebreus todos os mistérios do seu tetragrama divino. Podemos, pois, dizer que a
pedra filosofal é quadrada em todos os sentidos, como a Jerusalém celeste de São João e que traz escrito(...) numa das suas faces o nome de Adão, na outra o de Eva, depois os de Azoth e Inri nas duas outras. No frontispício de uma tradução francesa de
um livro do senhor de Nuisement sobre o sal filosófico, vê-se o espírito da terra de pé num cubo que é percorrido por línguas de fogo; tem um caduceu como phallus, e o sol e a lua no peito, à direita e à esquerda; está barbado,coroado, e tem um cetro na mão. É o Azoth dos sábios no seu pedestal de sal e enxofre. Dão, às vezes, a esta imagem a cabeça simbólica do bode de Mendes; é o Baphomet dos Templários, o bode do Sabbat e o verbo dos gnósticos; imagens bizarras que serviram de espantalho ao vulgo, depois de terem servido para as meditações dos sábios, hieróglifos inocentes do pensamento e da fé que serviram de pretexto aos furores das perseguições.
Quanto os homens são desgraçados na sua ignorância, mas também quanto desprezariam a si mesmos se chegassem a conhecê-la!

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